Pitadas Acostuma

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B•A•Básico: utensílios

B•A•Básico: utensílios

Para quem precisa uma ajudinha na hora de começar a equipar uma cozinha e divagações sobre a autonomia dos adolescentes.

mai 22, 2025
∙ Pago
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B•A•Básico: utensílios
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[PV] Na adolescência, quase tudo vira argumento: contra a salada, o jantar na mesa, o “desliga essa tela para comer". Mas, no meio desse caos hormonal, mora uma oportunidade rara: ensinar alguém a se cuidar com comida. Na verdade, o ensino começa lá na infância, mas na adolescência, começa a autonomia.

Na vida prática não precisamos começar por um risoto nem por uma aula de etiqueta, pode ser só um ovo mexido. O simples, quando bem feito, pode acender uma chama de curiosidade, de autonomia, de escolha com intenção.

Eu, Paula, faço meu ovo mexendo primeiro as claras, em um fogo médio-baixo e, depois que elas ficam branquinhas e bem mexidas, com o fogo desligado estouro a gema e mexo para misturar tudo. Precisa de paciência. Gosto dele molinho e cremoso sem precisar colocar creme de leite. Já ensinei essa técnica aqui para os meus adolescentes. Mas ainda precisamos de repetição. E cada um com seu tipo de ovo e preferência.

Essa geração cresceu com muita informação e também com muita desinformação.
Ouviu que pão faz mal, que jejum é tudo, que proteína é rei, que carboidrato é vilão e TODOS querem tomar creatina como os tiktokers tomam. São muitos vídeos, muitos tutoriais e muita loucura nas redes sociais.
Mas o que pouca gente ensina é a olhar pra fome, entender os sinais de fome e saciedade, escolher ingredientes e fazer um lanche que não dependa de um tutorial na telinha.

Criar filho é ensinar a gostar de comida boa e também a lavar a própria louça.
Se ele fizer o lanche e ainda guardar na geladeira, a gente chama de vitória.
A meta é essa. Aqui em casa, a gente conversa muito sobre essas metas, sobre esse privilégio de degustar sabores, conhecer culturas através de comidas e ter acesso a tudo isso. Sim, enfatizo sempre como é um privilégio ter acesso a tudo isso.

Comer bem é liberdade. E liberdade exige treino.

Em fevereiro deste ano meus sobrinhos foram morar fora. Minha irmã e eu fizemos alguns movimentos para que essa autonomia acontecesse. Nos últimos anos, entre a loucura dos estudos, mil atividades e os jovens sendo jovens, fomos inserindo pequenas práticas: algumas aulas de culinária, idas ao mercado com mais frequência, conversa sobre receitas e comidas preferidas…

Nada com cobrança. Era mais assim: “vem fazer a sobremesa do almoço comigo?” e “vamos no hortifruti ali rapidinho”. Porque tudo isso envolve aprendizado. Escolher uma banana madura, saber onde fica o azeite, saber o preço dos produtos é treino. Treino de olhar, de escolha, de paladar. Treino de cuidado com o próprio prato.

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