Giro de notícias #04
Entre polêmicas e trends: o que vimos por aí no mundo dos alimentos, saúde e nutrição.
Sorria, você pode estar sendo enganado.
#01 A linha infantil Zooreta, da marca Mãe Terra (Unilever) segue promovendo seus produtos como opções saudáveis e sustentáveis para compor a lancheira escolar das crianças, no entanto, uma análise do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) revelou que todos os itens da linha são ultraprocessados. Entre os ingredientes identificados estão os aditivos alimentares com funções “cosméticas” que aumentam as características sensoriais do produto, como: emulsificantes, gelificantes, corantes e aromatizantes. De acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira, esses produtos não devem ser oferecidos a crianças e devem ser evitados por adultos. Em fevereiro de 2025, o Idec apresentou denúncias contra a Unilever ao PROCON-RJ e à Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), solicitando a abertura de processos administrativos para averiguar a conduta da empresa.
Para mais detalhes, acesse a notícia completa: Linha Zooreta da Mãe Terra alega ser saudável para ganhar passe livre nas lancheiras das crianças.
A publicidade ilegal pode estar em qualquer lugar
A publicidade de alimentos pode aparecer na televisão, rádio, revistas e jornais. Na internet, elas podem estar em diferentes formatos, como em publicações nas redes sociais e até junto a youtubers e influenciadores (os famosos unboxings e recebidos, por exemplo). Além disso, há lugares que às vezes nem reparamos, mas estão repletos de publicidade, como eventos em escolas, empresas e parques, materiais didáticos, panfletos, folders, banners e promoções. Os próprios rótulos dos produtos também funcionam como meio de publicidade, no qual os elementos para atrair os consumidores ganham mais destaque que as informações realmente importantes. Muitas vezes, é tão difícil identificar, que não notamos que estamos sendo persuadidos a escolher determinado produto. Clique aqui para fazer uma denúncia ou clique aqui para saber como funciona para fazer uma denúncia no OPA (observatório de publicidade de alimentos).
#02 Corante vermelho:
O corante vermelho nº 3, também conhecido como eritrosina, foi proibido nos Estados Unidos pela FDA com base em estudos que, em doses muito altas, associaram a substância a casos de câncer em ratos. Embora os níveis de exposição em humanos sejam bem menores – e estudos em pessoas não tenham confirmado esses riscos, a decisão foi tomada para cumprir a Cláusula Delaney que impede a aprovação de aditivos que causem câncer em animais.
A Cláusula Delaney é uma lei dos Estados Unidos que proíbe a aprovação de aditivos alimentares ou corantes que causem câncer em humanos ou animais. A cláusula foi promulgada em 1960 e faz parte do Ato Federal de Alimentos, Medicamentos e Cosméticos
Situação no Brasil:
No Brasil, a Anvisa ainda permite o uso da eritrosina em alimentos e medicamentos, no entanto, a agência tem declarado que está avaliando as evidências técnicas e os relatórios apresentados pela FDA. Caso surjam novas evidências de risco para a saúde humana, essa autorização poderá ser revista futuramente.
O Corante Vermelho nº 3 ou eritrosina é um aditivo sintético utilizado para dar uma coloração vermelho-cereja vibrante a alimentos, medicamentos e bebidas. Até os anos 1990, o corante também foi usado na fabricação de cosméticos, como maquiagens, batons e cremes tópicos, mas a própria FDA proibiu o seu uso após pesquisas indicarem que o aditivo causava câncer de tireóide em ratos.
Os alimentos que costumam apresentar uma maior concentração desse tipo de corante geralmente estão na categoria dos industrializados e confeitaria.
Entre eles, destacam-se:
Doces e balas: muitos pirulitos, jujubas, balas, chicletes e confeitos utilizam esse corante para obter um tom vermelho vibrante.
Gelatinas e sobremesas: produtos como gelatinas, pudins e sobremesas industrializadas frequentemente são coloridos com aditivos vermelhos.
Produtos de panificação: bolos, cupcakes, biscoitos usam o corante para realçar a cor e atrair o consumidor.
Frutas em conserva: cerejas em calda e outros produtos enlatados podem ter o corante para manter ou intensificar sua aparência.
#03 O tamanho das porções - parece que as coisas estão mudando…
Segundo o New York Times os restaurantes vêm ajustando o tamanho das porções e estão repensando quantidades para equilibrar qualidade, custo e a crescente demanda por refeições mais saudáveis (efeito ozempic?!) – sem abrir mão do prazer de comer fora. Os chefs e donos de restaurantes discutem a pressão para manter margens de lucro enquanto respondem às críticas dos consumidores sobre porções excessivas. Essa mudança reflete uma tendência cultural de priorizar o equilíbrio entre prazer e saúde, evidenciando a importância de uma alimentação que valorize tanto o sabor quanto o bem-estar.
Desde a década de 1980, o aumento das porções servidas em restaurantes e incluídas nos alimentos industrializados tem sido um fenômeno marcante, com profundas implicações para a saúde pública e a cultura alimentar.
Cultura do “Valor” e Marketing:
Nos anos 80, a ideia de “mais por menos” começou a se consolidar, impulsionada pelo crescimento das redes de fast food e a competição acirrada no setor alimentício. Restaurantes passaram a oferecer porções maiores como estratégia de marketing, reforçando a percepção de que consumir uma quantidade maior era sinônimo de melhor custo-benefício.
Inovação na Produção Industrial:
A industrialização dos alimentos também contribuiu para o aumento das porções. O avanço tecnológico permitiu a produção em massa de produtos com embalagens maiores e, muitas vezes, com orientações nutricionais que pouco se alinhavam com as necessidades calóricas reais do consumidor.


Impacto na Alimentação e Saúde
Portion distortion: o fenômeno conhecido como “distorsão das porções” fez com que a noção do que constitui uma refeição “normal” se expandisse. Estudos apontam que, ao servir porções maiores, os consumidores tendem a ingerir mais calorias, independentemente da sensação de saciedade, contribuindo para o aumento das taxas de obesidade, diabetes e outras doenças metabólicas.
Mudança no Comportamento Alimentar:
Com o passar dos anos, a prática de comer fora e a conveniência dos alimentos prontos intensificaram essa tendência. A ampliação das porções passou a ser vista não só em restaurantes fast food, mas também em restaurantes casuais e até mesmo em embalagens de alimentos, influenciando os hábitos alimentares diários e a percepção de uma refeição “adequada”.
O aumento das porções desde os anos 80 reflete não apenas uma estratégia de mercado, mas também uma mudança cultural que impactou os hábitos alimentares e contribuiu para a crise de saúde pública que enfrentamos hoje. Embora haja esforços para reverter essa tendência por meio da educação nutricional e de regulamentações mais rígidas, a “distorsão das porções” ainda é um desafio significativo na promoção de uma alimentação equilibrada.
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PS: Luisa está sobrevivendo a mudança internacional (London - Pretória) e já já está de volta!
Beijos,
Nutricionista | Escritora da newsletter "Pitadas Acostuma" no Substack | Criadora de conteúdo no Instagram @acostuma_ & @desacostuma | Representante @Thermomix | Especialista em dicas práticas na alimentação saudável.